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Portugal Notável
4 septembre 2005

Coimbra-Mosteiro de Santa Cruz II- Fachada (**)Na

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Coimbra-Mosteiro de Santa Cruz II- Fachada (**)
Na remodelação do Mosteiro de Santa Cruz, no início do século XVI, reinado de D. Manuel I, trabalharam os mais notáveis arquitectos do tempo, provenientes do Mosteiro da Batalha: Diogo de Boutaca, Marcos Pires e Diogo de Castilho; bem como os mais destacados escultores e pintores: Nicolau Chanterene, João de Ruão, Diogo Pires e Machum, entre os primeiros, e Cristóvão de Figueiredo, Garcia Fernandes e Grão Vasco, entre os segundos.
A fachada de Santa Cruz, feita entre 1507 e 1513 sintetiza algumas combinações interessantes; na tipologia da rocha, na idade e em confronto artístico.
A parte mais coeva, de Boutaca, é feita com rocha dolomítica amarelada escura, a “pedra morena de Coimbra” ; é austera e robusta, embebida de estilo românico, sobre cuja silharia se enxertou; constituída por duas torres maciças que de planta quadrada se elevam à octogogonal e rematam por corochéus com cogulos. O elegante e artístico coroamento, construídos entre 1518 e 1522 por Diogo Pires-o-Moço é manuelino. A estrutura do grande portal delineado por Diogo Castilho em 1522, bem como toda a sua estatuária de Nicolau e João de Ruão, são construídos na famosa Pedra de Ançã, calcário branco friável e facilmente manipulável.
Enquanto as esculturas dos doutores e apóstolos da igreja saíram do cinzel de Nicolau Chanterene; as imagens da Virgem e do rei David e do profeta Isaías, foram da autoria de João de Ruão, que as fez 1540. Infelizmente devido a sua litologia, encontram-se bastante degradas. A dissolução química causou a destruição do primitivo portal manuelino, bem como a perda irreparável de muita estatuária.
Antecede a frontaria um arco triunfal do início do século XIX.
Ao movimento contido e sereno do tríptico de João de Ruão opõe-se a inquietação das esculturas adjacentes de Nicolau Canterene. Estamos diante de dois temperamentos, de duas visões renascentistas do homem e do mundo; entre o apolíneo (Ruão) e o dionosíaco (Chanterene), entre o Céu e a Terra; entre a estabilidade e a mudança; entre a tranquilidade e a agitação de alma.
João trabalha copiosamente na sua oficina. É um profissional ao serviço de Deus, do Rei e da média burguesia de gosto contido e duvidoso. Nicolau viaja, caça nos montes místicos de Sintra, na ocasião em que trabalha no teatral retábulo da Pena, é namoradeiro, convive com Nicolau Clenardo, em Évora pejada de renascentistas e humanistas. Ruão coabita bem com a inquisição, Chanterene vê-se envolto em dificuldades...o mestre Nicolau praticava feitiçaria com mandrágora e lia bíblias heréticas?
Quando observarmos a composição da frontaria de Santa Cruz, saberemos reconhecer estas diferenças? Penso que sim. Por mim prefiro o Chanterene, que foi capaz de esculpir o mais notável púlpito português (que se encontra neste mosteiro), bem como as magníficas estátuas jacentes dos dois primeiros reis de Portugal, ou os inolvidáveis portais do Mosteiro dos Jerónimos ou do já referenciado retábulo no Palácio da Pena.
 

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