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Portugal Notável
4 septembre 2005

Coimbra-Mosteiro de Santa Cruz (***) III- Púlpito

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Coimbra-Mosteiro de Santa Cruz (***) III- Púlpito da Renascença (**)
O interior da Igreja é desordenado e pouco dado a meditação, devido ao emanharado estilístico; mas também aos muitos visitantes que ali afluem.
É de uma só nave, abobadado de nervuras góticas, terminando por chaves onde estão patentes as armas reais, a esfera armilar e a cruz da Ordem de Cristo, alusões evidentes ao mecenato régio. À entrada registe-se o coro alto, construído por Diogo Castilho e nos flancos abrem-se capelas quatrocentistas e quinhentistas.
O revestimento azulejar barroco azulado que ilustra cenas alusivas à história de Santa Cruz (lado esquerdo) e Santo Agostinho (lado direito) é bastante interessante.
Mas a igreja de Santa Cruz detém duas obras-primas da escultura portuguesa: o púlpito e os túmulos reais.
O púlpito (**), lavrado em Pedra de Ançã, é mais bela escultura de todo o renascimento Português, e foi executado com mestria insuperável por Nicolau Chanterene em 1521, e que já na época causou assombramento e estupefacção.
A base, em forma da Hidra de apocalíptica, de onde irrompem cabeças atormentadas e monstruosas, tem uma enorme agitação plástica que serena no parapeito de quatro faces, onde se realçam os doutores da Igreja, rodeados de profetas e sibilas, de pequenas dimensões, mas com modos de uma delicadeza inexcedível; entre o nível inferir e superior, temos baixos-relevos com imagem de camafeus, querubins e cabeças leoninas. Sobre as conchas dos grandes nichos saliente-se a simbologia manuelina.
Assim, a parte inferior representa a zona de atormentados seres infernais, inquietos e inquietantes, enquanto o superior é bem adequada à proclamação da palavra de Deus.
Quando os meus pensamentos, algumas vezes entravam em espiral, caóticos e nervosos, entrava dentro desta igreja e sentava-me, quedo e silencioso defronte do púlpito. Então na anarquia, na desorganização e no medo do meu ser, e ao passar da "hidra para os doutores da Igreja", do “nível inferior para o superior”, o meu ser renascia, abrandava e organizava-se. E então compreendia como a arte e a sabedoria, podem ser um bálsamo para os nossos próprios tormentos.
 

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